quarta-feira, dezembro 21, 2005

A noite das Tempestades


Turner (Snowstorm)
Chegaste na noite das tempestades.

Lá fora, o céu desabava e transformava as ruas em rios.
O vento, enraivecido, executava um bailado,
a um tempo violento...e doce.

Dentro de mim, outra tempestade.
A garganta seca. A tremura do lábio. As mãos geladas e húmidas. As faces ruborizadas.
O vento da emoção, enraivecido, executava um bailado,
a um tempo violento... e doce.

De repente, veio a bonança.
Fora e dentro de mim.

Desejei que não existisse mais mundo do que aquele:
dois
desconhecidos,
estranhos,
conhecidos,
íntimos,
quase amigos,
quase amantes,
a esquecerem as tempestades,
de fora e de dentro,
nos olhos um do outro,
nos sorrisos trocados à socapa,
nas vozes cúmplices do Nuno, da Diana e do Caetano,
nas mãos que se encontravam,
apertavam
e acariciavam sonhos...

Partiste na noite das tempestades.
No vazio que a seguir ficou...
Quando das minhas mãos
desapareceu
O perfume das tuas...

2 comentários:

Anónimo disse...

do espaço deixado vazio, emergiram os aromas e sabores de memórias que, nem a própria dor de não ter, conseguiram apagar.
e vivem ainda. saudáveis.

Paulo Cunha Porto disse...

Ou
A Memória é o antídoto do Vazio.