terça-feira, março 14, 2006

Quando Fores Velha

Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e suas sombras profundas;

Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;

Inclinada sobre o fogo incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.


W. B. Yeats

12 comentários:

L. Rodrigues disse...

Há poesia que resiste a qualquer língua. Ou deveria dizer:
A Poesia resiste a qualquer língua?

Enfim, apenas quero dizer que do original não se perde mais que uns sons que se repetem. A beleza fica toda.

prologo disse...

Não sei se ainda venho a tempo de dizer do valor do tempo. Parece que sim porque o tempo permanece aqui, disponível para que Yeats lhe chame amor. Na física, porque acordaram tarde, chamam-lhe a quarta dimensão. Na literatura é a primeira. No sonho é infinita; na verdade, é eterna. Na vida divide-se por três, para que se multiplique, mas a soma parece sempre negativa.

(obrigado pelas tuas reconfortantes visitas ;)

Maria Carvalhosa disse...

Caro L.,

Eu atrevo-me a ir ainda mais longe. Optei por transcrever a versão lusa, e não o original, por ter concluído que o poema só tinha a ganhar com esta tradução na nossa língua. Opiniões!... ;)

Maria Carvalhosa disse...

Olá Prólogo,

Apreciei muito o teu comentário e aproveito para agradecer o facto de teres quebrado o silêncio. Como já te apercebeste, sou fã da tua escrita. Um abraço.

Isabel José António disse...

Velho o corpo vai ficando
Não a alma que é eterna
Essência da vida se dando
Com tua mão velha tão terna

"Espeitei" este blog e gostei muito.
Queria assinalar esta minha passagem fazendo um convite para também nos visitar.

Um abraço

José António

Hata_ mãe - até que a minha morte nos separe Hugo ! disse...

Maria querida
Vemo-nos em breve;)?
Gostei de ti desde o primeiro dia~
Um abraço

Maria Carvalhosa disse...

Claro que nos poderemos ver em breve se me deres o prazer da tua visita a esta bela Península (Peniche) onde trabalho e resido.
Diz-me quando pensas vir.
Muitos beijinhos.

Maria Carvalhosa disse...

Amigo José António,

A nossa permuta de visitas aos respectivos blogs já vem durando há algum tempo. É sempre com muito prazer que visito o vosso espaço onde, por vezes, também deixo um comentário. Continuarei a fazê-lo, por certo.

Obrigada.
Um abraço

Hata_ mãe - até que a minha morte nos separe Hugo ! disse...

Maria, quando nos vamos conhecer?
Já conheço algumas pessoas dos blogs, e Peniche não é longe...
Beijinhos

Hata_ mãe - até que a minha morte nos separe Hugo ! disse...

Depois digo, mais para a frente,
Já vim cá umas poucas de vezes nao falo neste poema que publicaste.
Deixa-me tristinha e nao sei que dizer.
Um beijo

Anónimo disse...

"Ainda mais do que o ouro
Vale a prata dos teus cabelos"
Luiz de Camões
e um Amor que nunca abandonou!

João Villalobos disse...

Bom dia Maria,
Que ocupações são essas que nos impedem de termos novas e boas surpresas quando aqui chegamos, hem?! :)
Bjs