quarta-feira, agosto 02, 2006

Estar sozinha não é estar só


Deitada no chão de macia caruma
vejo o céu, de um azul tão intenso
que me obriga a semicerrar os olhos,
de quando em vez,
não vá tanta luminosidade
provocar o inusitado brotar de uma lágrima

que, no caso presente, não será de alegria nem de tristeza:
apenas uma lágrima causada pelo excesso de cor.

Gosto de estar aqui, sozinha
porque sei que não estou só.

Quem vive na solidão tende a procurar companhia;
ou então desespera, entra em depressão profunda e chora,

na mais lamentável auto-comiseração.

Quem vive cercado de afectos
procura a solidão, quase inexplicavelmente,
talvez para sentir o prazer de estar a sós consigo,
na certeza de que logo, logo, repousará
na chaiselongue da varanda,
com a cabeça nos joelhos de quem ama,
mãos carinhosas a afagar-lhe o rosto.

6 comentários:

Maria P. disse...

Sorri ao ler estas palavras, bonitas.

Um beijinho.

Maria Carvalhosa disse...

Obrigada, Maria P.

Beijinhos meus.

Anónimo disse...

Gosto especialmente da imagem da chaiselongue na varanda. Remete-me para outros tempos, outros lugares.

Um beijo.

Anónimo disse...

Gosto especialmente da imagem da chaiselongue na varanda. Remete-me para outros tempos, outros lugares.

Um beijo.

Anónimo disse...

"na certeza de que logo, logo, repousará
na chaiselongue da varanda,
com a cabeça nos joelhos de quem ama,
mãos carinhosas a afagar-lhe o rosto."

Que bonito este pedaço. Posso ficar com ele?

Gosto do que escreves.

Um beijo.

Clara

Maria Carvalhosa disse...

Amigo Francisco,

Percebo o teu entusiasmo mas não era necessário repetires-te ;) (risos).
Obrigada e um beijo.

Obrigada, Clara. Penso que não tenho o prazer de te conhecer mas é com o maior gosto que te ofereço esse pedaço de escrita.

Beijinhos.