...no jardim para o qual dava a janela do meu quarto de criança havia uma trepadeira que, em cada primavera, me deliciava com os seus perfumados cachos de rosas - sem espinhos.
domingo, fevereiro 05, 2006
Também este Crepúsculo...
Também este crepúsculo nós perdemos.
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.
Às vezes como uma moeda
escondia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.
Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
quando me sinto triste, e te sinto tão longe?
Caíu o livro em que sempre pegamos ao crepúsculo
e como um cão ferido rodou a minha capa aos pés.
Sempre, sempre te afastas pela tarde
para onde o crepúsculo corre apagando estátuas.
Pablo Neruda
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2 comentários:
Olá Lena,
podes crer que me sinto privilegiada porque esta é a paisagem que tenho da janela do meu quarto.
Um beijo.
Não só a paisagem (que sorte tê-la diante do seu quarto!!!) mas também o poema de Pablo Neruda é lindo!
Já viu que já respondemos ao seu desafio?
Um abraço,
Isabel e José António
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