Quem não conheceu o predador quando jovem?
Altivo, soberbo, confiante, implacável, não havia presa que lhe resistisse.
Quando saía para as caçadas, com o seu porte garboso, lançava um olhar de desafio aos restantes companheiros e avançava sem medos, com o triunfo antecipado por garantia e a impensada certeza de que iria ser sempre assim. Não se perguntava, sequer, por que razão os mais velhos ficavam para trás, limitando-se a acompanhar o seu afastamento com olhos tristes e cansados.
Conta quem o viu mais tarde que, atingida já a fase do declínio, ficava frequentemente no grupo dos idosos. Era com olhos gastos e melancólicos que assistia à exuberante partida para a caça da nova geração de jovens predadores.
Por vezes seguia-os, de longe. Escondia-se, envergonhado, se algum olhava para trás e o avistava.
Quando alcançava o local do banquete, contentava-se com os restos que os jovens predadores tinham deixado, depois de amplamente saciados.
(Imediatamente antes da chegada das hienas, e com algum avanço sobre os abutres.)
4 comentários:
Inspirada alegoria, Rose, com uma referência ao grande James Joyce dissimulada no título.
Continua... quero mais!
Beijos.
A imagem, contudo, não nos dá «O Predador enquanto Fémea»? O que iria bem, pois nesta espécie são elas que caçam para a família comer.
Beijinhos
bem vinda , maria
beijos
Obrigada pelos vossos comentários encorajadores e simpáticos, António e Francisco.
Olá, poeta Vasco. As tuas visitas são sempre bem-vindas.
O teu comentário, Paulo, merece um outro post, que vou editar acima.
Beijos para todos, amigos.
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