quarta-feira, dezembro 06, 2006

Por causa da Ana Prado (Luz Fugaz)

relembrei Cacela Velha.
Senti saudades do que os olhos vêem, do cheiro a figos e a uvas e a ervas, da total ausência de vento ao crepúsculo, do sentimento de pertença que começa na infância e só termina não se sabe quando.
Senti saudades do Suão, que sopra do mediterrâneo nas noites do Sotavento, e das múltiplas estrelas cadentes que se podem contar nos breves instantes em que nos deitamos a olhar o céu, no areal imenso... das ondas grandes e matreiras do "Levante", que, sendo inofensivas, assustam os forasteiros.
Senti saudades da adolescente que fui, romântica, enamorada e tonta, naquele lugar. Da jovem mãe que, no mesmo sítio, ensinou os filhos a amar o vento quente, a água salgada e morna (tão doce), a cor (do mar, do céu, do campo até às dunas), o cheiro telúrico, meridional, (até mesmo a inexistência da fresca brisa atlântica...).
Senti saudades... e estou mais feliz por isso...
Obrigada, Ana Prado!

16 comentários:

Mauro Pereira da Silva disse...

"A partir de hoje, uma parte de mim deixa de me pertencer em exclusivo." Belos escritos, muita sensibilidade à flor da pele. Existe um romantismo que não é piegas, que é lirico e este é o seu caso. Parabéns pelo texto. Phylos.

Manuel Nunes disse...

A CONQUISTA DE CACELA

As praças-fortes foram conquistadas
Por seu poder e foram sitiadas
As cidades do mar pela riqueza.

Porém Cacela
Foi desejada só pela beleza.

SOPHIA DE MELLO BREYNER

carteiro disse...

Por este mundo, que muitos rotulam de virtual sem o conhecer (e quem o conhece?), é-nos, por vezes, tão fácil achar coisas que nos inspirem e que nos façam lembar de... nós.

Besnico di Roma disse...

E não é que ela anda por estes lados!... Daqui a Lagos é um pulo por mar… Tu sabes, eu sei que sabes, à vela num, de 12 metros, são 10 horas de navegação. (acho que estou a ficar melhor da minha amnésia) Mas é mais seguro do que fazer a 125.
Beijitos, tenho que ir. Acho que estou a receber um e-mail de alguém…

Ana Prado disse...

Maria,
fico comovida com este gesto, com essa sensibilidade, com esse lugar. Estou muito perto de Cacela. De vez em quando vou até lá olhar o azul. Funciona como catarse.
Percebi a tua ligação a este lugar, com um comentário que deixaste no Luz Fugaz. Percebo agora que é muito maior do que imaginei. Muito maior do que a minha, que é recente e aconteceu por acaso. Vim trabalhar para estes lados e encantei-me.
Fico sobretudo feliz por, de alguma forma, ter provocado este teu texto. Fico-te desmedidamente agradecida pela consideração e carinho.

Um abraço grande. De Azul.

Maria disse...

É bom termos saudades da nossa infância / adolescência / juventude e dos cheiros que nos ficaram na memória. e das vivências que tivemos. E das avós que nos contavem estórias...
Mas, Maria, também é bom termos saudades do futuro... que está já aí...
Uma beijoca

Menina Marota disse...

Que nostalgia agora, recordar a Cacela Velha da minha meninice...será da idade ou desta quadra, em que volto sempre à minha infância?

Deixo um abraço de "menina que vagueou nessa praia"...

Manuel Nunes disse...

Maria:
Agradeço os benévolos comentários deixados no meu blogue e também a dica sobre a obra do Prof. Mariano Calado.
Como deves ter percebido pela citação que fiz de Sophia, gostei deste teu apontamento carregado de memória e romantismo.
Um abraço,
Manuel Nunes

Luís disse...

Sentir saudades é sempre algo que me deixa feliz. Doces versos que me transportaram a essa terra distante. E uma linda dedicatória. Tão merecida.

Anónimo disse...

De uma maneira ou de outra, todos temos boas recordações de Cacela e o desejo de lá voltar. Mesmo assim, modificada: "Quem poderá domar os cavalos do vento". De regresso ao futuro, naturalmente.
"O mar que une, o mar que aparta"
Acabaremos sempre por lá ir. Sempre.
(Nem que fosse pelas ameijoas, obviamente!)

Anónimo disse...

Maria querida,

É bem verdade que esse sítio é mágico e toda a gente, pelo menos uma vez na vida, passou por lá e não esquece mais.

Tu tiveste a sorte de o ter para ti muitas e muitas vezes. Quem foi que disse que não és uma mulher afortunada?

Beijos.

a d´almeida nunes disse...

Como um texto escrito com alma num momento de grande exaltação emocional nos pode tocar!
Aconteceu exacatamente o mesmo comigo. Veio-me a saudade, a vontade de falar de coisas e de recordações de que muito raramente falo.
Foi assim que também deixei, antes mesmo de vir a este sítio, um comentário no mesmo post da Ana.
Deste mesmo jeito, escrito também com o coração na ponta dos dedos a baterem nas teclas do computador.
Gostei de a conhecer, Maria.
Vou voltar...
António

avelana disse...

é bom sentir essas saudades , sem nos agarrarmos demasiado ao passado.

Um abraço

Unknown disse...

Vim aqui desejar umas festas felizes, sobretudo que seja um fantástico ano de 2007.



Abraço.

António

Maria Carvalhosa disse...

Beijos e abraços a todos os que por aqui passaram. Um sorriso especial aos que expressaram sentimentos de cumplicidade (pelo local ou pelo estado de espírito).

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Maria:
Em tempos de Solstício, que a Sua Luz Única te Guie para a felicidade, cujo caminho vejo no Natal.
Beijinho.