sábado, fevereiro 24, 2007

Noite



Caíu a noite.
Senti-me só.

Acendi a lareira.

Fenómeno curioso,
como que por encanto
as labaredas bailavam, bailavam
e a minha angústia e esta dor no peito
foram juntar-se a elas.

Tempo depois...

Aparecem as cinzas.
O calor e a luz esvaem-se
e eu, fico triste outra vez.

A fogueira,
para se manter alegre, com luz,
cor, vida,
necessita de alimento, tal qual o meu ser.

Levanto-me,
Lanço mais lenha
na fogueira.

Novamente
o calor inunda o meu corpo
e a minha alma renasce.
Noémia Carvalhosa
"Ciclo Vicioso - a fogueira e eu "
(Ponte do Arco)


12 comentários:

Anónimo disse...

Querida filha,

Como ficar indiferente ao convite (portão aberto de par em par) a partilhar espaço e emoções "história de um local amado".

Tudo está dito, e mais o que se lê nas entrelinhas...

Não resisto a juntar-lhe (perdoa o modesto apontamento) mais um pedaço de mim, vivido junto à lareira na nossa "Obra-Ponte do Arco", em tempos de solidão.

Um beijo, com muita ternura, da tua mãe.

1:37 PM

Maria P. disse...

Como aquecem e envolvem estas palavras, sente-se o movimento de cada chama. Belíssimo.

Beijinho*

caminante disse...

Todavía quedan recantos para la esperanza. Y es a la luz del hogar donde se reviven viejas, entrañables vivencias.
Un fortísimo abrazo.

miruii disse...

Já vi que precisas de visitar a floresta, a ver se achas a tua bolinha de cristal...

Uma picada doce

jorge esteves disse...

As (duas) imagens emprestam os cheiros e as sombras intimistas que debruam as palavras e as acoitam em colos de afectos...
Lembram uma qualquer tarde leda de Outono! Perfeito!
Abraço.

Anónimo disse...

podia dizer tanto com o silencio das minhas palavras, mas quero quebrar o silencio de tanto tempo admirando a tua escrita.
e prontes(rs) o penicheiro falou
beijos

aquilária disse...

quase apetece sair em silêncio, não vão as palavras de uma estranha estragar este partilhar de afectos e vivências.

um abraço para ambas

vida de vidro disse...

É isso que temos que ir fazendo: alimentar a fogueira. Para que a vida tenha sempre calor. **

Licínia Quitério disse...

Ao aconchego do fogo sobrepõe-se o calor desta intimidade feita de palavras-afectos.

Saio de mansinho. Deixo dois beijos.

Maria disse...

Maria

Li, reli, fiquei sentada a ver a lareira.
Porque o fogo atrai-me quase tanto como o mar.
Quase senti o que sentiste...

Deixo-te um beijo

Luís disse...

Ao ler este texto senti o calor dessa lareira...

Um texto tão lindo maria.

Maria disse...

Passei
Aqueci-me um pouco à lareira (ainda está acesa!)
Li-te outra vez

Deixo-te um beijo