domingo, junho 03, 2007

Calhaus rolados pelo mar

Fotografia de António Rodrigues

Pedras amontoadas no areal. Atiradas pelo mar com desprezo. Para ali deixadas até que a próxima maré-viva as restitua ao chão de água. Enquanto isso, para ali ficam, abandonadas à mercê da chuva e do sol, à curiosidade de quem passa e pega numa, para levar para casa. Porque a achou bonita. Porque vai ser a recordação daquele dia que, por uma qualquer razão, que não importa, não foi como o anterior nem será como o seguinte, para aquela pessoa, que não interessa quem possa ser...
...Tal como a pedra: uma, apenas uma, entre tantas.

14 comentários:

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

Aquela pedra, a 13ª a contar da esquerda na 4ª camada a contar de baixo, é minha-. É uma, apenas uma, entre tantas. Mas é minha, o que faz dela uma pedra única.

Todas as manhãs, quando me levantar, irei ver a minha pedra, trabalhada pelo mar, depositada na areia, para que eu a escolhesse, entre tantas, para que fosse minha, para que fosse única.

E contemplando todas as manhãs a minha pedra, sabendo que ela é única, passarei o dia todo com desejo de rever a minha pedra e esse dia será único, e será o primeiro de uma sucessão de dias únicos, rolando no tempo até serem deixados numa praia qualquer do futuro.

Teresa Durães disse...

tenho pena, sempre sempre sempre, que o brilho desapareça assim que a retiramos. deixa de ser a mesma pedra

boa tarde

Graça Pires disse...

"A vida é um grande mar que se entretém a juntar pedras distantes"... Um beijo.

Anónimo disse...

uma pedra assim nunca será apenas uma pedra. será a primeira sobre a qual as outras edificarão a paz. um grande beijinho.

Maria disse...

Mas essas pedras têm história, Maria, e assim que vi a foto e mesmo antes de ler o texto, escolhi uma: a preta com uma risca branca atravessada.
Apetece-me passear por cima delas, senti-las, como elas sentam o mar na maré cheia...

Para a semana vou estar a pisar muitas pedras, cor de rosa... sabias?

Beijinhos, Maria

carteiro disse...

Acho que as pedras são seres fantásticos. Podem ser mais míticas que qualquer outra coisa.

A simbiose que essa "apenas uma" pedra pode fazer com a "apenas uma" pessoa não precisa de qualquer explicação formal. Entre tantas, quer "umas" quer "outras", nada é escolhido ao acaso. Mas também não acredito que seja destino. É porque é e nada mais...

mafalda disse...

Querida Maria,
Cada pedra, tal como cada pessoa, tem uma estória para contar: a estória da sua vida. De pedra. De pessoa.

Um beijo.

Rosa Brava disse...

As pedras que pisam o nosso caminho ou, as que nós pisamos...

A Vida... é um mar que nos arremessa muitas coisas...

Beijo e boa semana ;))

Alba disse...

Cada pedra é especial. Eu guardo pedras entre os meus queridos tesouros e atribuo a cada uma um afecto único. Assim como cada dia é diferente dos outros. É um tempo presente, algo que nos é oferecido para saborearmos da melhor maneira que soubermos.
Gosto do teu blog!

Maria P. disse...

Apenas à mercê...como tantas coisas na vida.

Beijinho*

aquilária disse...

guardo algumas pedras que fui descobrindo por aí, outras que me foram oferecidas.mas há duas que são mesmo especiais.porque a elas estao ligadas momentos muito intensos da minha vida. coloquei-as em local onde fiquem bem visíveis, com o mesmo cuidado com que coloquei na parede os meus quadros "especiais".
uma pedra é como um corpo, está cheia de coisas para contar.

um beijo, maria

Pirata das Berlengas disse...

Que belíssimo post e imagem! Também os Piratas, apesar de serem do mar, conhecem bem as pedras (pelo menos os que vivem nas Berlengas!!!).

Um abraço d'O Pirata

Luís disse...

E todas tão diferentes umas das outras....

deep disse...

e quantas vezes a nossa vida é feita de pedras guardadas...