Foto de António Rodrigues
Passo e olho. Sorrio. Vou com pressa mas detenho-me. Não consigo evitar. Neste momento, ninguém desce ou sobe as escadas. E, no entanto, elas estão lá para isso.
Mais: uma escadaria assim, com árvore ao meio, só pode ter sido concebida a pensar nos pares enamorados...
Lisboa tem destes encantos!
Para que não restem dúvidas, pode ler-se num graffiti ao acaso, em letras mal desenhadas, a palavra AMOR.
Já valeu a pena ter passado por aqui!
(O AMOR NO VERÃO DA VIDA)
A descoberta da escadaria.
Os degraus
descidos dois a dois.
Não andamos, flutuamos.
Enlaçada pela cintura,
sinto que voo, levito.
Junto à arvore paramos.
Beijamo-nos longamente,
como dois adolescentes.
Rimos e sentamo-nos,
abraçados,
no murete do lado direito,
olhando a árvore
e rindo como perdidos,
do insólito, do inesperado,
da majestática árvore
ali plantada,
indubitavelmente colocada
para que dois tontos apaixonados
se beijassem e sentassem a contemplá-la.
Descemos
o último lance de degraus
dois a dois.
Não andamos, flutuamos.
Enlaçada pela cintura
sinto que voo, levito.
Olhamos a escadaria
agora de baixo para cima.
Inevitável não ver
que alguém escreveu,
na base do murete,
(do lado esquerdo, direito quando descíamos)
a palavra AMOR.
Beijamo-nos longamente,
como dois adolescentes.
Olhamos, por um momento,
o graffiti rabiscado.
Rimo-nos e abraçamo-nos.
Seguimos em frente.
Já não somos adolescentes
mas temos um grande amor
por viver.
21 comentários:
E que bela escada, com árvore ao meio.
Apesar do Amor no grafitti, preferia que estivesse apenas implícito!
Abraço
É bom regressar à adolescência...
Um beijo.
Uma escada propícia aos romanticos ))
Bjs Zita
Querida Maria
E não é bom viver um amor como dois adolescentes, no verão da vida? E no outono?
Beijinhos, linda
Tenho para comigo que um grande amor é pós-adolescente. Há qualquer coisa de elevado em não se ser jovem demais. Qualquer coisa que aqui-hoje poderia tentar comparar ao crescimento de uma árvore (dessa ou d'outra)... Ao que ela atinge, representa e nos dá de bom quando madura.
Bom... Mas eu vou calar-me!
No silêncio leio-te melhor!
Um abraço!*
Gosto destas escadas. Se
são do Verão da vida, ainda melhor.
Beijos,
Recorda-me uma subida para Montmartre. Uma senhora subida, ó lá se é! A árvore, inclinada, parece ter encontrado o seu muro de lamentações. Os grafitos são riscos assim, assim, assim, que fazemos a pulso para deixar marcas nos lugares. É como se disséssemos: eu estive aqui, mesmo quando dizemos amo-te, Maria... e talhamos um coração.
Que vem a ser isso de amor adolescente? O amor só se adjectiva na sua forma amorosa quando amadurece. Opino eu.
Vim rapidamente aqui para dizer que estou de volta, que tenho saudade e que quero deixar um beijinho.
Aqui está um momento lindamente captado! Quase não precisamos da fotografia para conseguir fazer uma imagem semelhante, através de palavras.
Talvez numas escadas assim, mesmo de noite ou com a sombra da árvore, nunca chegue a escuridão :)
Lindo!
Que mantenham e renovem esse Amor, essa Felicidade, para Sempre!
Sem Árvore ao meio, de preferência!
Com as melhores Energias do Universo!
Assumiste muito bem o papel de namorada neste poema.
Gostei da escrita e da foto.
Bfs, beijinhos.
Que lindo! Mas o amor nos faz ficar adolescentes! E que bom ser assim, porque vivemos intensamente.
Lindo!
Bom fim de semana!
Beijos
Lindíssimo, sem dúvida, mas os versos não se coadunam com uma descida de escadas, são uma ascensão...
Beijinho
Há muitas escadarias assim a surpreender-nos nas ruas da nossa Lisboa. São sempre um chamariz para a objectiva do fotógrafo/a.
Já passei na JC e deixei comentário. A viagem para casa foi calminha. Vim a ler o livro do Henrique. Um beijo para ti e outro para a tua mãe q tb gostei muito de conhecer.
Há lugares assim, porque há momentos assim...
A simplicidade, um local de amor, a recordação, deixo um abraço...
São lindos os versos e a fotografia! Fiquei a lê-los e a vê-la por largos minutos. São momentos inesquecíveis esses que se captam assim, sem se esperar, naturais, expontâneos.
Obrigada pela visita ao meu blog onde é sempre um prazer receber-te. Também acho o Outono lindo, não fosse ele porém o anúncio dum Inverno que detesto. Estou desde já à espera da Primavera...
Passei aqui e deixei beijinhos e votos de uma semana feliz!
Olá Maria
Está incrível, lindo, lindo!
Escreves com tal leveza, como se estivesses a respirar.
A foto está linda, mostra-nos um recanto que convida a cumplicidades.
PS. Gostei de ler as tuas palavras no meu sítio.
Fizeram-me sentir muito bem.
Talvez alguém, quando lá passar, recite à árvore as palavras poema do O amor no verão da vida; acho que iria gostar...
Bonito!
Abraço
Querida Fami,
gostei das escadas desta Lisboa que ainda me consegue surpreender. Gostei da árvore que se me afigura um elemento de separação, como o corrimão. Gostei do poema, apesar de não conseguir seguir o sentimento. O vazio esgotou-me a fluência, mas fico feliz por ti.
Beijinhos, da
MF
Nõ faz sentido aparecer como anónimo quando se assina um texto...
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