"As noites vão trazer à terra tempo fresco e dança: na terra ossificada em veios de marfim ainda vão sair sardanas e chaconnes, e o seu baixo obstinado já invade o nosso ouvido à escuta das alcovas subterrâneas. Ao bater de crótalos e solas de pau ainda se ouve dançar de século em século a bailarina de Cádis que na Hispânia dissipava o grande tédio dos Procônsules Romanos... Vinda do Leste, a chuva nómada ainda vai tinir no tamborim cigano; e os belos aguaceiros do final do estio, descidos em trajo de gala do mar-alto, vão ainda passear na terra orlas de saia com bordado a lantejoulas...
O movimento para o Ser e o renascimento no Ser! Toda a areia nómada!... e o tempo a assobiar rente ao solo... O vento que a pensar em nós altera a inclinação das dunas talvez venha expor à luz do dia aquele local onde se moldou, de noite, a face do deus que lá dormia..." [...]
Saint-John Perse
1 comentário:
quem se lembraria de Saint-John Perse?
Só tu, Maria!... vou relê-lo!
Forte abraço.
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