I
Ternura nos olhos, no sorriso, nos gestos.
Ternura na voz.
Ternura nas palavras escritas.
Ternura no afagar das teclas de um piano.
Ternura ao friccionar o arco nas cordas de um violino.
Ternura na voz.
Ternura nas palavras escritas.
Ternura no afagar das teclas de um piano.
Ternura ao friccionar o arco nas cordas de um violino.
Ternura ao colorir de pinceladas uma tela.
Ternura ao executar um elegante passo de bailado.
Ternura ao embalar o filho.
Ternura ao poisar os lábios na fronte fria do amor moribundo.
Mãos ternas que acariciam.
Boca de ternos beijos.
Ternura ao executar um elegante passo de bailado.
Ternura ao embalar o filho.
Ternura ao poisar os lábios na fronte fria do amor moribundo.
Mãos ternas que acariciam.
Boca de ternos beijos.
II
Sonhei com um cemitério bizarro.
As lápides eram negras e, por contraste, pairava sobre o espaço uma difusa neblina
que se aliava à brancura da neve que tudo cobria.
Havia uma pedra tumular onde mal se distinguia qualquer inscrição.
Não havia nome, datas, fotografia.
Apenas se podia ler o epitáfio:
“Em memória eterna de uma mulher terna”.
Não havia nome, datas, fotografia.
Apenas se podia ler o epitáfio:
“Em memória eterna de uma mulher terna”.
26 comentários:
Que força encontrei neste post... gostei... um abraço...
Porque a ternura eterniza!...
Porém...!
Porém, ela era muito mais que uma mulher terna. Sabia-o. E, apesar da neblina do sonho, algo lhe dizia que aquela lápide não era a sua. Porque não estava completa.
- Nunca os sonhos estão completos!
E acordou!
Terna grava a terra
outrora arada
Terra que dá e que leva
do Amor lembranças, saudade
E sob o branco despontam
aves, flores e o belo
renasce em ciclos
abertos, fechados
no carinho, na eternidade
Um bjinho grande, Maria, e parabéns pelas nomeações merecidas.
Apesar do meu tempo escasso, não esqueço, e é sempre bom regressar a este espaço lindo.
Gostei da beleza e ternura das palavras.
Que escavação nas emoções :)
Subtil, mas assertiva.
Gostámos :)
Beijo dos Alfinetes!
La ternura es el amor hecho caricia, presencia en la ausencia, plenitud en la pobreza...
Un fortísimo abrazo.
bom dia, maria. fiquei muito contente por ter sido nomeada. sem dúvida, o seu blog também me faz pensar. e ainda bem que assim é. o poema é muito bonito. há ternura até depois que a morte nos separe.
(o comentário da amita é lindíssimo)
um grande beijinho.
Palavras com o orvalho da manhã.
Beijinhos embrulhados em abraços
Querida Amiga Maria,
É tão bonito este texto...
É que a ternura (uma variante do Amor Universal) deveria ser um hábito tão profundamente enraizado na humanidade, que fosse o seu estado natural...
Folha que rodopia com o vento
Doce olhar esculpido a cinzel
A areia da praia onde me sento
Perfume de flores doce como mel
Mão de criança pousada na minha
Branca borboleta tão esvoaçante
Cachos de uvas maduros na vinha
E a suave brisa tão penetrante
É tão simpes o mundo da ternura
Que está presente naquilo que há
No Sol da manhã com sua alvura
Na outra margem ou no lado de cá
Um grande abraço para si, querida amiga Maria
José António
A ternura que não se perde com o passar do tempo.
Gostei muito.
Beijinho.
Gestos ternos são fáceis. Ternura assim perene é um milagre. Uma pessoa assim terna, assim, sempre terna, em todos os actos e ocasiões, está numa dimensão próximo do impossível, para lá do sonho. Eugénio de Andrade escreveu sobre os gatos que tinham uma tal beleza que se fosse humana, seria insuportável. Foi o que me ocorreu ao ler este poema. É provável que a ternura seja o estado supremo do humano.
Querida Maria
Entrei e sai três ou quatro vezes porque me deparava logo com uma fotografia que eu achei bela, mas que me arrepia: não gosto de cemitérios.
Acabei por voltar para me render, mais uma vez, à tua escrita, que me emocionou particularmente.
Saio com uma lagrimita, mas deixo-te um enorme beijo...
Maria:
Obrigado pela visita, pelas belas palavras e pela ternura deste poema.
Tanto que se diz com a poesia!
Um beijo,
Manuel
A ternura tem muito de dádiva. E produz lembranças eternas. Muito belo! **
De ternura sabes tu, Maria. Até quando te zangas, não consegues evitar o vislumbre de uma pontinha de ternura - no olhar, no tom de voz, nalgum gesto involuntário.
Beijos com muita ternura.
Portentoso
Olá Maria Carvalhosa,
Sou frequentadora habitual desta casa mas, até agora, não tenho tido coragem para comentar.
Acontece que hoje foi, para mim, o dia das grandes decisões: não só vou comentar nos blogues de que gosto como me decidi a inaugurar o meu próprio espaço: Vento Agreste.
Gostava que passasse por lá quando pudesse, nem que fosse para me dar alento no "pontapé de saída".
O mais importante: esta sua "Ternura" está de arrepiar. De belo, sim, de tétrico, sim, de trágico-terno (esta acabei de inventar agora), sim.
Até breve e um beijo.
Maria, este seu poema, ao mesmo tempo tão belo e tão triste, fez-me pensar no paradoxo da ternura nas nossas vidas, em todos os momentos, em todas as circunstâncias. Gostei muito. Um beijo e obrigada pelas sua visitas ao meu espaço.
Maria, minha amiga... vim reler e decidi marcar a passagem, só não sei o que dizer. Gostei é pouco. Fica apenas o abraço.
Lindo esta ternura, mas triste, triste.
Olá Maria
Vim conhecer o teu "espaço" muitos parabéns por ele_________os seus cantos_____e____encantos me encantaram
Se não te importares voltarei:))
Beijinhos
BSemana
Meus amigos,
Muito obrigada pelas vossas visitas e comentários. Em vez de re-comentar, ou agradecer um a um, vou usar esse tempo para visitar os vossos blogues e deixar lá as minhas impressões :).
Beijos e abraços a todos.
Começo a estar preocupado contigo.
Cemitérios, assaltos… quando chegares à parte das violações chama-me… comprei uma viola nova e como não sei tocar, sempre te posso “violar” com ela. Anima-te miúda!
Mas gostei do texto.
Tenho tanta coisa para te dizer… que acho melhor enviar um e-mail ou telefonar.
Desculpa-me. Foi uma graça de mau gosto.
Violações mesmo que sejam com uma viola, não é assunto para brincar.
Ai Besnico, Besnico,
Quanto mais "novo", mais maluco estás!!! ;)
Beijos.
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