No entardecer nostálgico d'Outono
calmo, de luz doirada, transparente,
na mística e doce luz do sol poente,
naquela paz descanso, me abandono.
Longe, no horizonte vai o sol morrer,
somente uma poalha d'oiro anda no ar;
e na penumbra me perco a procurar
sempre a mesma luz, outro amanhecer.
Um crepúsculo, agora, me adormece
naquela vaga luz quando anoitece
se não me acordam fortes vendavais.
Luz que sendo tão frouxa, indefinida,
nela durmo o sono breve desta vida,
com medo de acordar cedo de mais.
Maria Teodora, 2003
25 comentários:
Este soneto de Maria Teodora é, como os outros que já publicaste aqui, muito bonito. Não é só a sensibilidade, mas a delicadeza das palavras. Um beijo.
Olá Maria
É Belo!
É belo o poema e a música que nos embala nestas palavras de luz de Outono.
Abandono total!
Beijinho, Maria
(já me acordaram...)
Quem sou eu para poder comentar semelhante beleza?
Abraço
luz de estação
castanha
luz fusca
luz de vida, de limpar...
poesia
abrazo europeo
Maria C.: se neste momento fores a L. verás como falo do abraço que se estende, inglório, puro. Estranho que seja "estranho" dá-lo a quem se tem no pensamento.
Como um ninho. Beijos meus
Esquema abba abba ccd eed muito petrarquiano. Mas o poema tem uma musicalidade espantosa, apetece cantá-lo.
"Calmo", "descanso", "abandono", que languescência tão outonal [em sentido naturalista, e também metafórico].
"Vai o sol morrer", como quem diz vai o menino para a cama, amanhã é outro dia ("outro amanhecer").
A luz, sempre a mesma procura (o Lumen Naturale ?)
Belíssimo soneto (a minha forma de poema preferida) sobre o Outono (aminha estação preferida
___
obrigada, Amiga
pelas tuas visitas e pelas palavras que deixas
Um abraço
Magnífica, a composição de Outono, o sentimento!... Como se toda a vida pudesse estar num só momento.
Naquela paz descanso, me abandono (...)
Com medo de acordar cedo de mais.
Da métrica à poética, da poalha d'oiro que nos espalha pela alma... Por tudo isto, e ainda mais pela imagem, de uma beleza indescritível!
Que bela, mas que bela Luz d'Outono!
Um abraço outonal! :-)
Olá, linda poesia neste blogue.
Parabéns!
Beijinho,
Fernandinha
Belíssimo, Maria!
A Maria Teodora sente o Outono duma maneira maravilhosa! É assim o Outono, calmo, duma cor única mas melancólico.
A música não podia ser mais apropriada.
O outono traz sempre uma nostalgia que não sabemos o motivo, mas sem a menor dúvida é perfeito, lindo!
Beijos
Belo e nostálgico como o Outono, a estação de que mais gosto. **
E chegámos mesmo ao Outono, que através das folhas e de todas as cores nos faz despertar para outro mundo dentro do nosso. Onde os sonhos são diferentes e não menos belos.
O soneto é lindo, e dizê-lo assim é demasiado redutor. Talvez seja mais digno dizer que também sinto uma luz assim. Mesmo não sabendo se ainda a procuro, se a tenho só em sonhos ou se nunca realmente me largou.
Curioso: acho que o soneto é a melhor forma de adequar a Poesia ao Outono...
E este, prova-o!
Abraço.
Muito bonito
João Norte
intro.vertido.weblog.com
Belíssimo, simplesmente.
Beijinho*
É belo, muito, tanto....
(posso ficar a ouvir o piano?)
Beijo, Maria
Olá minha amiga! Passei pra deixar beijinhos e desejar uma feliz semana!
Olá Maria
Vim espreitar e reler estas palavras que brilham na sua harmonia.
A música é um encanto!
Beijinho
Magnifico texto...é impressionante a forma simples com que dizes tanto...
Doce beijo
"Sonhos que sonhei, onde estão?
Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Beijos que te dei, onde estão?
A quem foste dar o que é meu?
Vale mais não ter coração do que ter e não ter, como eu".
(Sol de Inverno, na voz de Simone de Oliveira)
Passei pra reler e deixar beijinhos.
Querida Fami,
uma vez mais espreitei o teu blog, como o faço com a frequência possível, embora nem sempre me manifeste. Os olhos lêem, a alma sente, mas as palavras não saem...
No entanto, queria mandar por ti um beijinho muito especial à tua tia por mais esta pérola magnífica envolta nas maravilhosas cores do Outono e dizer-lhe como a entendo bem... E que lindo este som com que nos brindas e que eu defruto gulosamente durante o dia, mesmo que não consiga ler tudo o que escreves. Obrigada.
Um beijinho, da
MF
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