João Cristino da Silva (1829-1877)
Cinco Artistas em Sintra - 1855
Óleo sobre tela, 863 x 1288mm
"A obra Cinco Artistas em Sintra é, indiscutivelmente, uma obra emblemática do Romantismo português. Trata-se do primeiro retrato de grupo na pintura, foi elaborado com o objectivo de representar Portugal na Exposição Universal de Paris em 1855.Nela podemos observar cinco artistas rodeados por gente do povo e num ambiente agreste.A composição foi esboçada no local e apresenta-se de forma cenográfica, sugerindo o processo de trabalho típico do romantismo: pintura de paisagem ao ar livre, recolhida "do natural" e, posteriormente, elaborada em atelier. Esta obra é uma homenagem ao mestre Tomás de Anunciação que está no centro da composição (a pintar), e junto dele Francisco Metrass, com adereços do próprio autor - Cristino da Silva, que os gostava de exibir (chapéu à Rubens e capa larga). No segundo grupo encontramos Vítor Bastos (escultor), José Rodrigues (pintor), sentado no chão e Cristino da Silva (o autor da obra), encostado à rocha, elaborando um esboço, em pose artística.Nesta tranquila paisagem destaca-se o rochedo que de alguma forma confere unidade e coesão à obra. A presença de aldeãos que olham fascinados para o trabalho do senhor da cidade, representa uma espécie de ideal de ruralidade que fascinava os representantes do Romantismo português. Ao fundo, vislumbra-se o Palácio da Pena, um dos símbolos máximos do Romantismo, edificado por D. Fernando. As cores do quadro são terrosas, com predominância de tons de verde e castanho, sem grandes contrastes. A iluminação é estudada, dando o tom dourado de fim de tarde a toda a composição."
(Texto extraído de "Museus na Escola" museusnaescola.eselx.ipl.pt/static/instance/M...)
A Tela da Vida
A nossa vida é uma tela,
uma tela de mil cores,
todos nós pintamos nela,
somos bons ou maus pintores.
Com mais ou menos talento,
com tinta clara ou garrida,
por vezes com desalento
pintamos a nossa vida.
Há quem pinte com amor;
há quem pinte com paixão;
só não sabemos dar cor
ao que sente o coração.
Sabemos nós qual a cor
para pintar a amizade?
que tons daremos à dor?
como se pinta a saudade?
Ai, pobre de quem na vida
só tem negro p’ra pintar:
uma tela entristecida,
feita talvez a chorar.
(poema da autoria de Maria Teodora)
3 comentários:
Aqui nasceu o Espaço que irá agitar as águas da Passividade Portuguesa...
É este um blogue duma qualidade especial. Bom gosto, erudição e um refinado critério de qualidade como marca. Gostei particularmente do post anterior com os poemas "tanka" do período Heian Japonês. Se bem que a poesia seja intraduzível e que em particular o idioma Japonês pertença a outra galáxia, fiquei deveras eternecido com a leitura do amor e interessado em ler mais sobre Komachi e Shikibu.
Primeiro devo dizer da satisfação que tive de receber um convite para chegar até aqui; segundo, não há como não ficar encantado com toda a magia deste blogue; terceiro, a poesia A Tela da Vida é, de fato, em palavras, uma "pintura" que se acomoda e se acopla à tela exposta na abertura deste tópico.
Parabéns pelo trabalho que aqui desenvolves.
Um grande abraço.
João Batista do Lago
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