Foto de António Rodrigues - "Outono na Ponte do Arco"
(Paráfrase inspirada no poema "Porque voam as Pétalas?", de Paulo de Carvalho):No meu jardim
ouço o som da maré-cheia
e o grito das gaivotas;
vejo as árvores
que se despem
e os outros pássaros mudos,
tristes, pousados nos ramos.
O forte ruído da chuva
assusta-os, mantém-nos calados...
um relâmpago ilumina
de repente a tarde escura,
a maré-viva faz-se ouvir
com violência, contra as rochas,
o ribombar do trovão
faz coro com a tempestade.
As gaivotas continuam seu grasnar
numa luta contra o vento
que as impede
de alcançar porto seguro,
indiferentes que lhes é
a serenidade
repousada em meu jardim.
15 comentários:
No teu jardim há vida e beleza. Posso sentar-me no teu jardim?
Um beijo Maria.
Senta-te comigo, Graça. Disfruta da calma deste jardim enquanto,bem perto, as ondas rebentam na areia, neste solarengo e calmo dia de Outubro.
Beijos.
É um jardim assim que imagino ter um dia. Pode ser apenas um banco e uma árvore, desde que os sons e o cheiro sejam esses mesmos que perpassam os teus sentidos neste Outono com cheiro a Verão ainda.
O mar e as gaivotas são imprescindíveis para a calma e a paz de que preciso...
Um beijo, Maria
É nestes jardins que habito... nas palavras e nos sonhos...
Um abraço ;))
vê-se existência e beleza
e a força da incerteza.
percebe-se a têmpera do Criador
e o imenso sentimento.
neste jardim, há sopro de vida!
Ficando para uma outra oportunidade rever e comentar o teu blogue, Venho aqui hoje apenas para informar que o meu novo blogue se intitula "O Lugar & os Monos" e que tem o seguinte endereço [ http://perdido-teste.blogspot.com/ ]. Os postais expedidos de O Tremontelo estão acessíveis a partir do novo blogue. Beijos e abraços. Rodrigo (Perdido).
"As gaivotas continuam a grasnar"
Fiquei encantado, já não deixava comentários vai para algum tempo, está tudo bem?
Um abraço
Há quem diga que sempre achamos nos nossos jardins (não só aqueles mesmo nossos, como aqueloutros, públicos, mas que por ditame da alma chamamos nossos...) afinidades dos sons, das cores, das formas com qualquer sonhada terra de paraísos. Talvez daí o sortilégio que têm...
(e de onde resultam, assim, harmonias nas palavras...)
abraços!
(o tempo me tem roubado tempo, é verdade; ache eu, agora, forma de encontrar tempo...)
No meu jardim eu tenho molas penduradas nas árvores.
Começando outra vez:
É o problema dos jardins ao pé do mar, vizinhos irreconciliados: um, lugar revolto; outro, lugar sereno.
No meu jardim, que não tem mar e é mais num vale onde, outrora, poderia ter corrido um rio, os pássaros revelam a inteligência de se portarem como criaturas canoras indiferentes aos ventos que varrem as folhas caídas e prestam outros serviços que lhe são próprios. À sua maneira, assobiam fazendo coro com as aves canoras do meu jardim.
Às vezes entram ali gaivotas assustadas. Vêm com o vento, mas o vento ali é outro, tem o barulhar cómico dos espanta-espíritos e das ramadas das grandes árvores a abanicar.
Caro Perdido,
Parabéns pela perspicácia e oportunidade do comentário. Ainda ninguém tinha referido as molas... talvez por falta de atenção, por delicadeza, ou simplesmente porque esse facto lhes é completamente indiferente.
Mas tu és distinto do resto do mundo!
Por isso o teu jardim é distinto do meu... e aposto que não tem molas!
Obrigada pela visita e pelo comentário, assertivo, como sempre.
Caro Tinta Permanente,
É tão gratificante ter-te, de novo, a comentar no meu espaço.
Arranjemos, pois, tempo, para aquilo que apreciamos e para aqueles de quem gostamos.
Beijos.
É verdade que não me comentavas há muito, amigo Juda. Nada que eu não tenha feito, de igual forma, nos últimostempos(sem qualquer intuito vingativo, acredita-me!) Reencontrámo-nos e isso é bom. Já hoje passei pelo teu espaço, que encontrei vestido de novas roupagens (muito bonitas, de resto) e lá deixei alguns comentários.
Beijos.
Obrigada pelo "sopro de vida", caro VFS.
Fui visitar o teu espaço e achei-o muito interessante: merecedor de uma prolongada e atenta visita.
Até breve.
Um abraço.
Julgo conhecer os jardins que habitas, querida O. Somos "farinha do mesmo saco" (desculpa a expressão, algo grosseira mas autêntica). Nos teus jardins, possivelmente, não existirão molas (pelos menos a "posar" para a fotografia - risos).
Beijos, amiga.
Querida Maria,
As nossas similitudes são tantas que já parece redundante referi-las. Ambas sabemos que assim é. E ainda bem, porque estamos certas de que nos temos, sempre, uma à outra... nos lugares que amamos, com os sons e os cheiros que nos mantêm vivas, enquanto o Verão e o Outono não deixarem de existir.
Beijos.
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