domingo, junho 11, 2017

Um rio de sentidos



Num qualquer Domingo soalheiro de um agradável mês de Junho, num certo ano do início do Século XXI, na encantadora cidade de Lisboa, em Portugal, na velha Europa: 
"Vamos dar um passeio à beira-rio, Margarida?"
"Boa ideia, Henrique. Vamos no meu ou no teu?"
"Haha. Nada disso. Cada um leva a sua."
"Entendi-te. É sempre a descer. O pior vai ser no regresso. Mas bora lá. Hoje sinto-me com energia. E a brisa do rio dá uma ajuda, se for preciso."
Como não era possível irem de mãos dadas, e a premência do contacto físico, que a sua idade e estado de enamoramento assim o exigiam, de vinte em vinte metros paravam as bicicletas e uniam as bocas, num longo, doce e molhado beijo, ao mesmo tempo que se tocavam, apertando o braço um do outro.
Ao fim de, sensivelmente, dez paragens, forçadas pela tal urgência de partilha corporal, Henrique atreveu-se "Quando chegarmos ao cais das colunas, largamos as bikes e vamos estender-nos na rampa, com as ondinhas do rio a fazerem-nos cócegas nos pés. Damos um abraço tão apertado que ficamos transformados num só. E fazemos amor, ali mesmo, sem que ninguém dê por isso. Parece-te bem?"
"Lindamente" respondeu Margarida com um risinho nervoso. E, logo de seguida, já com três pedaladas e dois metros de avanço "O último a chegar paga o gelado na "Suíça" ao fim da tarde!"


Foto de António Rodrigues, no blogue "Olhares de Maresia"

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