A minha amiga APC, do "Camuflagens" escreve, na brincadeira, ao passar-me a pasta, esta bem conhecida frase: "com amigos assim, quem precisa de inimigos?"
Nesta correntemania que reina, actualmente, na blogoesfera, eu alinho se sou desafiada por alguém de quem gosto, como é o caso, e quando o desafio se revela interessante, que é, de igual forma, o do meme. Pois... esse mesmo, que quem desconhecia passa a conhecer se fizer como a APC e eu própria fizemos, ou seja, vai ver aqui.
Este é o que seleccionei, assim de repente, de entre tantos outros que poderiam ocupar o mesmo espaço. Não foi, apesar de tudo, por acaso: o acto da criação artística, o acto da escrita em particular, é um tema recorrente nas minhas pesquisas e também em textos que vou alinhavando, aqui e ali.
Então vamos ao dito Meme:
" [...] Eu disse: Queria dizer-lhe que não bastava escrever bem ou mal, produzir escritos belos ou muito belos, que não bastava que fosse um livro para ler com uma avidez pessoal e não em comum. Que também não bastava escrever assim, fazer crer que não havia na escrita qualquer pensamento, que era guiada apenas pela mão, tal como era de mais escrever apenas com o pensamento na cabeça a vigiar a actividade da loucura. [...] Disse-lhe ainda que era preciso escrever sem corrigir, não necessariamente depressa, a toda a velocidade, não, mas conforme a própria pessoa e conforme o momento que se atravessa, lançar a escrita para fora, maltratá-la quase, sim, maltratá-la, nada retirar da sua massa inútil, nada, deixá-la inteira com o resto, nada ponderar, nem velocidade nem lentidão, deixar tudo no estado de aparição."
(Marguerite Duras, in Emily L.)
Ainda embuída do mesmo espírito da amiga que me lançou o desafio vou dar-lhe continuidade, nomeando outras seis "vítimas do meme"... :):
Amita - Branco e Preto II
Ana Prado - Inteira Luz
Aquilária - Ínsua
Besnico di Roma - Memórias de um amnésico
D.E. - Disperso Escrevedor
17 comentários:
Não podias ter escolhido melhor.
Como já sabes Marguerite duras é para mim a tal.
Gosto muito do livro Emily L. e gosto muito deste paragrafo sobre a escrita.
Lalvez seja porque eu mesma escrevo assim... inteira... maltratando a escrita...magoando-a depois de me magoar a mim para escrever. Depois lambemos as feriadas uma da outra...
É amor...esta coisa entre mim e as palavras.
Passaste o desafio ao Besnico di Roma e ele passou-me a mim... vamos ver que continuidade lhe darei.
Um enorme, gigantesco abraço,
Isabel
APC said...
Cá vim eu, para ver se...
E...
... SIM!!! Tinhas "memetizado", eheheh.
E ainda por cima introduzindo de uma forma tão querida;
e ainda por cima iluminando um assunto que, às tantas, é mais um no qual os nossos interesses se encontram:
Falas do acto criativo, um tema tão sensível na produção artística em geral; atrai-me o sentimento de estética e o poder que há nas coisas de serem belas aos nossos olhos, e em nós de as vermos belas, sendo belo o que agrada sem conceito (Kant).
E o que me agradou este teu post, cara amiga!!! Verdade! :-)))
"nada retirar da sua massa inútil, nada, deixá-la inteira com o resto, (...) deixar tudo no estado de aparição."
Delicioso!
Grande abraço, de uma sem-tempo para outra sem-tempo, mas não "sem-abrigo", porque ao abrigo de um pacto: de continuidades, assim que houver tempo!
PS - É a 3ª vez que escrevo este post... Descobri antes erros graves demais para deixar passar, sorry.
Olá Isabel, amiga e cúmplice de leituras e de escritas,
Eu sabia que tu ias reagir a este trecho da M.D. Somos ambas admiradoras incontestáveis e, felizmente, incorrigíveis daquela grande senhora, que foi uma das maiores escritoras da segunda metade do Sé. XX.
Beijos Durasianos. :) *****
Querida APC,
Tu és um caso de desvario incurável, o que muito me apraz. Tão saudável esta loucura que partilhamos, no gmail, nas nossas pequenas-grandes confidências, e aqui, perante o olhar mais ou menos aturdido de quem nos quer ler! Mas somos assim... e assim continuaremos. Espero que uma semana destas tenhamos um tempinho para pôr a escrita em dia. Já me faz falta, amiga!!!
Beijos, beijos e um abraço com muita força (que eu já não tenho, pobre de mim, velha e relha!!!... lol).
;) ***
"Taditaaaaa"... - expressão reincidente nas rábulas da peça "A Treta Continua" (no seguimento de "Conversas da Treta"), que só no passado sábado vi, mas que é, imperdível (quase duas horas de diálogo... E só entre duas pessoas, imagina tu!:-P Eheheheh).
U must see that!
(Fui*)
És flor que uma mão teceu
És fronteira entre o ódio e a paixão
És aroma de terra molhada
Pássaro voando na assombração
Boa semana
Doce beijo
Ando como com uma lanterna chinesa, cheia de sombras. Há-de passar...Obg pelas tuas palavras amigas. Bjinho
Querida Amiga Maria,
Mas que texto... uff. Muito bonito. O anterior no Metro e na morgue está, também, fantástico.
A vida é assim mesmo, feita de pequenas grandes coisas (para uns ninharias, para outros de importância extrema). E nós vamos "ondulando" na crista das vagas alterosas que, por vezes, nos vêm bater na proa.
E tudo o que temos a fazer é: VIVER O PRESENTE! Cada momento do ETERNO AGORA, como se fosse o último.
E tudo o que não devemos fazer são conjecturas. Estas projectam-nos para o futuro (onde não se pode ir) e desfixam-nos daquilo que todos temos: O PRESENTE.
Vive um dia de cada vez!
Faz o balanço no dim do dia!
Deixa para trás a altivez
Cultiva essa enorme alegria
O passado já lá vai! Morreu!
O futuro ainda não veio
Nada devo! Que temo eu?
Sou para mim mesmo o esteio
Lindo o seu blogue.
Não deixe de nos visitar também, pelo menos em três dos 5 blogues onde estamos: POESIA VIVA, OBSERVATÓRIO e O CAMINHO DO CORAÇÃO-REFLEXÕES ESPIRITUAIS.
É sempre uma ternura a sua presença.
Grande abraço
José António
Olá Gilberto,
Obrigada pela visita a esta casa e pela mensagem poética que aqui deixaste. Vou conhecer-te em breve e disso deixarei marca.
Um abraço.
Querida Bettips,
Logo, logo reencontras o teu caminho. Força, amiga!
Um beijo.
Queridos Amigos Isabel e José António,
De cada vez que me visitam, enchem-me de mimos. Fico sem palavras para agradecer tanta gentileza... Visitar-vos-ei em breve, em cada um dos blogues, e deixarei marcas da minha passagem.
Beijos e abraços para ambos.
Maria,
Lá andas tu às voltas com o acto da escrita e da criação artística em geral. Gostei muito de ler o post de Janeiro de 2006, que assinalaste "ali". Sei que já o tinha lido mas, na altura, não comentei. Desta vez apreciei-o devidamente.
Um ganda beijo.
Afinal, um pouco ao jeito da Marguerite, dizia-me há longos anos um pastor que as palavras ainda não foram todas inventadas; é que a mesma palavra não é a mesma palavra se for dita contra o vento...
Abraço!
Olá Maria
Vou tentar escrever o mais depressa possível uma vez que tenho tido problemas no computador e na ligação ao servidor. Já muitas vezes aconteceu ficar a meio da leitura de um poema ou texto porque desligam o sistema (daí a minha prolongada ausência).
Estou muito grata pela indicação do blog e seguirei com todo o gosto esta corrente.
Um bjinho grande
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